- Nem sempre; mas tão pouco de virtude
Basta num rei para esquecer-lhe os crimes!
XIX
«Aberta em par do templo estava a porta;
Entrei. Naquelas pedras animadas
Por cinzel primoroso se pasciam
Meus olhos admirados: as erguidas
Colunas, as abóbadas altivas,
As palmas, as cordagens enlaçadas,
E o sinal santo que as remata e une,
E que por toda a parte está marcando
As vitórias do Lenho triunfante,
O vexilo da glória portuguesa,
Nunca, nunca tão alto me clamaram
Que sós sem Deus, sós pelo esforço humano
Não fariam jamais os portugueses
O que hão feito no mundo... Dei co túmulo
De custoso lavor que aí resguarda
As cinzas do monarca afortunado.
Afortunado em vida; - a morte, fecha-lhe
Selo do Eterno os lábios descarnados:
São segredos de Deus os do sepulcro.