XI
«Cheia a imaginação do misterioso
Sonho ou visão que, no moimento sacro
De Manuel, me incendiara a fantasia,
Embalde aos p’rigos, ao furar das ondas,
Ao mais cru das batalhas me arrojava.
Se era meu fado a glória, mais potente
Foi que o meu fado a inveja de inimigos,
Ódios, perseguições. - Já malferido
De eiva de morte arqueja o império d’Ásia.
Os devassos costumes, a impiedosa
Sede de mando, a sórdida cobiça
Dos ministros da lei, e até - sincero,
Franco é meu discorrer, e em mal! bem certo...
Dos que, indignos do altar, o altar profanam
Com sacrifícios bárbaros de sangue,
A um Deus só de paz e de bondade,
Em vez do puro incenso de virtudes,
Negro vapor de pálidos cadáveres,
Suspiros da viúva, ais do órfão triste,
Lágrimas, sangue e morte oferecendo.