Alta a noite, escutei o carpir fúnebre
Do nauta que suspira por um túmulo
Na terra de seus pais; e aos longos pios
Da ave triste ajuntei meus ais mais tristes...
Rosa d’amor, rosa purpúrea e bela,
Quem entre os goivos te esfolhou da campa?
IV
«Os ventos pelas gáveas sibilaram;
Duras rajadas d’escarcéu tremendo
As descosidas pranchas semeavam
Pelas cavadas ondas... Feia a morte
Nos acenou coas roxas agonias
Malditas da esperança... - E eu só a via;
Eu só, na cerração da tempestade,
Via brilhar a luz da meiga estrela.
Único norte meu. Por mar em fora
Os duros membros negros estendia
Esse Gigante cujo aspecto horrendo
Primeiro eu vi, primeiro a seus amores
Corri o véu dos interpostos séculos:
Quis-me punir do ousado sacrilégio
Com que os segredos seus vulguei na lira.