A amena veiga
Delicioso vale a quem de Tempe
Cede beldade e fama, se estendia
Pelas faldas da serra. As perfumadas
Árvores d’áureos pomos reluzentes
Que à veloz Atalanta o pé ligeiro
Na apostada carreira retiveram,
E o tão ligado cinto desataram;
As verde-escuras, espinhosas plantas
Donde, virgíneas tetas imitando,
Pende o céreo limão, - pendor não grato
No lindo pomo a que o semelha o vate -
Sobre a relva, inda fresco-rociada
Das lágrimas da aurora, se avistavam
Pela imensa campina recolhendo
A aura criadora nas lustrosas folhas
Donde a vida nos troncos se derrama.
Toda se alvoroçava a natureza
À vinda alegre dessa luz benéfica,
Remoçadora eterna da existência,
Cujas são alma e vida do universo.
X
Em toda a pompa e luxo de suas galas
Sintra, a formosa Sintra se amostrava
Ao monarca das luzes, - qual princesa
Do Oriente ao régio noivo se apresenta,
Voluptuosos perfumes exalando
Das longas sedas com que brinca o zéfiro.