Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 15: XV – ABNEGAÇÃO

Página 121
..

Elias por si só bem pouco se importaria com a pobreza; estava afeito a suportá-la desde longo tempo. Mas cortava-lhe o coração ver a sua querida Lúcia, nascida e educada sempre no meio da abastança, sofrendo privações e quase reduzida à miséria, e condenada a trabalhar com suas próprias mãos para prover à sua subsistência, de seu pai e de sua irmãzinha.

Blasfemava contra o céu e maldizia da Providência, que lhe negava sua proteção naquela nobre e santa tarefa em que se empenhava para arrancar à miséria aquela criatura digna do céu.

Desejava morrer, e a ideia do suicídio como um fantasma lúgubre lhe esvoaçava de contínuo pela mente. Mas lembrava-se de Lúcia, de Lúcia na miséria, e compreendia que era preciso viver para ela. Quem lhe poderia valer, se ele lhe faltasse?... arrancar-se a existência naquela ocasião era talvez roubar a Lúcia o último, se bem que fraco arrimo, que lhe restava neste mundo. Naquelas circunstâncias já não era somente o simples amante de Lúcia; considerava-se um irmão, um pai.

Elias, completamente desalentado, abandonou de todo os seus serviços, e estava como que de braços cruzados em frente de seu destino inexorável a contemplar-lhe a sinistra catadura, sem ousar lutar contra ele e esperando que o esmagasse.

Elias tinha-se estabelecido no Comércio de baixo, chamado de Joaquim Antônio, que fica rio abaixo, a perto de uma légua da povoação principal. Há dois dias, desamparado da esperança, tinha abandonado o trabalho, e não fazia mais do que cismar na sua triste sorte, entregue às mais pungentes angústias e à mais cruel perplexidade.

Na tarde do segundo dia, estando à janela da casinha que habitava, envolto em suas cismas ordinárias, um rapaz entregou-lhe uma carta.

Abriu- a imediatamente; era de Lúcia e dizia assim:

“Meu querido Elias.

<< Página Anterior

pág. 121 (Capítulo 15)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Garimpeiro
Páginas: 147
Página atual: 121

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I- A FAZENDA 1
II- A CAVALHADA 9
III- NA ROÇA 22
IV- O GARIMPO 35
V- O BAIANO 47
VI- A RECUSA 53
VII- O SACRIFÍCIO 59
VIII – ELIAS 64
IX – ALÉM DA QUEDA, O COICE 71
X – A AFRONTA 78
XI – DE MAL A PIOR 86
XII – MOEDEIRO FALSO 92
XIII – OS VIZINHOS 99
XIV – A LAVADEIRA 106
XV – ABNEGAÇÃO 119
XVI – O MORIBUNDO 128
XVII – A GRINALDA E O TÚMULO 137