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Capítulo 16: XVI – O MORIBUNDO

Página 135

- Mas desconfias o quê?... fala, fala, Simão.

- Desconfio que estão me preparando para ir mais depressa. Nestes dias, vendo que estava mesmo às portas da morte, disse a elas que tinha que fazer certas declarações e pedi-lhes que me chamassem um homem para escrever o que eu queria e algumas pessoas para testemunhas... Tempo perdido!... nunca mais acharam o tal homem. Por fim pedi que me chamassem um padre: o mesmo; nunca acharam padre para me confessar.

»Eu ia morrer sem confissão nas garras daquelas duas bruxas, Deus me perdoe! que estavam aflitas por me verem morto para me roubarem e deitarem meu corpo aos urubus... Mas nesta hora não devo lembrar-me das ofensas, senão para perdoar. Deus louvado! Vmcê apareceu, e eu lhes perdoo de todo o coração.

- Ah! em que mãos estavas, meu pobre Simão!... mas a lavra, Simão? ainda não me disseste onde está a lavra?...

- Ah!... sim... a lavra é... ai! meu Deus!...

Deu um grito, estrebuchou, seus olhos se estalaram, escapou-lhe do peito um soluço rouquenho, e ficou imóvel.

- Simão! Simão! - gritou Elias agitando-lhe o braço. Vendo porém que não dava indício algum de vida:

- Morto! Morto! - exclamou com angústia, morto e levando consigo para a sepultura o segredo de minha felicidade!

Elias, tendo-o já por morto, já se dispunha a retirar-se e a ir dar ordens para o enterro de seu velho camarada, quando um fraco gemido veio anunciar-lhe que ele ainda não estava morto. O moribundo tinha feito apenas o primeiro termo, que durou cerca de dez minutos. Elias foi examiná-lo, e viu que respirava, e começava a mover os olhos.

- Patrão? patrão!... que é dele? - foram as primeiras palavras que proferiu com voz quase imperceptível. - Ah! está aí!... quase que não enxergo nada.

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pág. 135 (Capítulo 16)

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Capa do livro O Garimpeiro
Páginas: 147
Página atual: 135

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I- A FAZENDA 1
II- A CAVALHADA 9
III- NA ROÇA 22
IV- O GARIMPO 35
V- O BAIANO 47
VI- A RECUSA 53
VII- O SACRIFÍCIO 59
VIII – ELIAS 64
IX – ALÉM DA QUEDA, O COICE 71
X – A AFRONTA 78
XI – DE MAL A PIOR 86
XII – MOEDEIRO FALSO 92
XIII – OS VIZINHOS 99
XIV – A LAVADEIRA 106
XV – ABNEGAÇÃO 119
XVI – O MORIBUNDO 128
XVII – A GRINALDA E O TÚMULO 137