Elias ia talvez continuar aquele triste monólogo, inspirado pelo desespero, quando um som de passadas que se avizinhavam o fizeram levantar subitamente o rosto. Era um homem algum tanto idoso e bem trajado e de agradável presença, que a passos vagarosos se encaminhava para ele.
- Perdão- disse o desconhecido cumprimentando - Perdão, se o vim indiscretamente perturbar em suas tristes reflexões, e se, sem o querer, entrei no segredo de sua desgraça...
- Ah! o senhor ouvia-me?...
- Sim, senhor; mas sem o querer; espero que me desculpará...
- Sem dúvida; nem posso levar a mal o acaso que aqui o trouxe a ponto de ouvir as minhas loucuras. Demais a minha infelicidade, ainda que eu o queira, daqui em diante não poderá ser um segredo.
- Todavia não deixei de ser por demais curioso, eu o confesso. Eu estava ali entre aquelas burras apanhando algumas formações do cascalho e examinando-as, e ouvi tudo. Devia-me retirar, é verdade, mas o que ia ouvindo começou a interessar-me por tal sorte, que como a pesar meu fiquei pregado a escutá-lo.