Contudo, como era instituição de César que duas legiões estivessem sempre vigilantes em frente do campo, e que um maior número ainda, por turnos, se encontrassem nas obras, rapidamente se viu fazerem umas frente aos inimigos que saíam, outras reconduzir as torres e cortar o aterro, e toda a multidão dos soldados do acampamento acorrer para apagar o fogo.
XXV - Tinha-se passado o resto da noite e ainda se combatia em todos os pontos: a esperança da vitória reacendia-se incessantemente entre os inimigos, tanto mais que viam os manteletes das nossas torres destruídos pelo fogo, e notavam a dificuldade que os nossos tinham em vir, a descoberto, em socorro dos seus companheiros, quando eles substituíam constantemente as suas tropas fatigadas por tropas frescas, e pensavam que toda a salvação da Gália dependia daquele único instante. Passou-se então diante dos nossos olhos um facto que nos pareceu digno de memória e que considerámos não dever omitir. Havia, em frente da porta da cidade, um gaulês que atirava para o fogo, na direcção da torre, bolas de sebo e pez que lhe passavam de mão em mão: um dardo de escorpião atingiu-o mortal no flanco direito e ele tombou sobre si mesmo. Um dos seus vizinhos, passando por cima do seu cadáver, substituiu-o no trabalho; pereceu do mesmo modo atingido por sua vez pelo escorpião. Um terceiro lhe sucedeu, e, ao terceiro, um quarto; e a porta só foi evacuada pelos seus defensores quando o fogo do aterro foi apagado e a derrota dos inimigos repelidos por todos os lados pôs termo ao combate.
XXVI - Depois de tudo terem tentado sem nenhum sucesso, os Gauleses resolveram no dia seguinte, a instâncias e de acordo com as ordens de Vercingétorix, abandonar a praça. Procurando efectuar esta partida no silêncio da noite, esperavam consegui-lo sem grandes perdas, porque o campo de Vercingétorix não estava afastado da praça, e porque o pântano que formava uma barreira contínua entre eles e os Romanos atrasaria estes na sua perseguição.