Já em plena noite se preparavam para partir, quando de repente as mães de família acorreram às praças e se lançaram lacrimosas a seus pés, suplicando-lhes mil maneiras que não as entregassem, elas e os seus filhos comuns, a quem a fraqueza do sexo ou da idade proibia a fuga, à crueldade do inimigo. Quando os viram persistir na sua decisão - porque, nos casos de extremo perigo a alma presa do medo não tem lugar para a misericórdia - puseram-se a soltar gritos e a assinalar assim a sua fuga aos Romanos. Os Gauleses, assustados, temendo que a cavalaria dos Romanos lhes cortasse os caminhos, renunciaram ao seu propósito.
XXVII - No dia seguinte (145), quando César fazia avançar uma torre e construir as obras que empreendera, sobreveio uma chuva abundante, e pareceu-lhe que esta circunstância não era desfavorável ao ataque, pois via que os guardas estavam negligentemente, distribuídos sobre a muralha: ordena aos seus para afrouxarem o trabalho e dá-lhes a conhecer o que deles espera. Reúne secretamente as legiões, em equipamento de combate, para cá das barracas e exorta-os a colher, enfim, depois de tantas fadigas, o fruto da vitória; promete recompensas aos que primeiro escalarem a muralha, e dá sinal aos soldados. De súbito eles lançaram-se de todos os lados e rapidamente treparam a muralha.
XXVIII - Os inimigos, surpreendidos, assombrados, expulsos da sua muralha e das suas torres, formaram em cunha no fórum e nos lugares mais abertos, com a intenção, de qualquer lado que o ataque viesse, travar uma batalha campal. Mas quando viram que os nossos soldados, em vez de descerem para lutar ao mesmo nível, se espalhavam de todos os lados ao longo da muralha, o receio de verem perdida toda a esperança de fuga fê-los lançar fora as armas e alcançar sem parar a extremidade da praça; ali, uma parte empurrando-se em frente da saída estreita das portas, foi massacrada pelos nossos soldados; a outra, que já tinha saído pelas portas, exterminada pelos nossos cavaleiros.