César censura-lhes vivamente o não virem em seu auxílio, quando não é possível comprar víveres nem obtê-los nos campos e isso, num momento tão crítico, quando o inimigo está tão próximo; queixa-se tanto mais vivamente de tal abandono quanto foi em grande parte levado pelas suas súplicas que ele empreendeu a guerra.
XVII - É só então que Lisco, levado pelo discurso de César, declara o que tinha calado até ali: «Que havia um certo número de personalidades, tendo junto do povo uma influência preponderante, e um maior poder, privadamente, que os próprios magistrados; que estes homens, por discursos sediciosos e criminosos, desviam as massas de trazer o trigo que têm de fornecer, dizendo que, se não podiam ser os senhores da Gália, deviam pelo menos preferir o domínio dos Gauleses ao dos Romanos e não ter dúvidas de que, se os Romanos triunfassem sobre os Helvécios, arrebatariam a sua liberdade aos Éduos ao mesmo tempo que ao resto da Gália; que eram estes mesmos homens que informavam o inimigo dos nossos projectos e do que se passava rio campo; que ele não tinha poder para os reprimir; mais ainda, que sabia a que perigo o expunha esta declaração, que fizera a César sob o esporão da necessidade, e que era a razão pela qual ele se calara também tanto tempo quanto possível.»
XVIII - César sentia que este discurso de Lisco visava Dúmnorix, irmão de Diviciaco; mas, não querendo tratar deste assunto diante de muitas testemunhas, termina rapidamente a reunião e retém Lisco. Interroga-o a sós sobre aquilo que dissera na assembleia. Lisco fala com mais liberdade e audácia. César interroga em segredo outras pessoas; verifica que Lisco diz a verdade: «Era realmente Dúmnorix, homem cheio de audácia, que a sua liberalidade colocara