Ali, Luctério que na sua prosperidade tivera outrora grande influência entre os seus concidadãos, e que, sempre fautor de revoltas, gozava de grande crédito junto dos Bárbaros, ocupa com as suas tropas e as de Drappés a praça de Uxeloduno (205), que tinha sido na sua clientela, cidade notavelmente defendida pela natureza, da qual ganha os habitantes para a sua causa.
XXXIII - Caio Canínio ali chegou bem depressa. Notou que a praça estava defendida por todos os lados por rochedos a pique, cuja escalada teria sido difícil para homens armados mesmo na ausência de todo o defensor. Sabendo que as bagagens dos habitantes eram numerosas, e que estes não podiam sair em segredo sem serem atacados pela cavalaria e mesmo pelas legiões, dividiu as suas coortes em três corpos, fez três acampamentos numa posição muito elevada, e dali começou pouco a pouco, tanto quanto o permitia o número das tropas, a traçar uma linha de circunvalação em volta da praça.
XXXIV - À vista disto, os assediados, inquietos pela recordação lamentável de Alésia, recearam ter de suportar um cerco semelhante; Luctério, que assistira a esse desastre; advertiu-os, antes de todos os outros, de que se abastecessem de trigo; decidem, com um consentimento unânime, deixar ali uma parte das tropas e partirem eles, com os soldados sem bagagens, para procurar trigo. Esta resolução é aprovada, e na noite seguinte, deixando dois mil soldados na praça, Drappés e Luctério saem com os outros. Em poucos dias, obtêm grande quantidade de trigo no território dos Cadurcos, em que uns desejavam ajudá-los abastecendo-os e em que outros não podiam impedi-los de fazer as suas provisões; por vezes fazem também expedições nocturnas contra os nossos fortes. Por esta razão Canínio hesita em terminar a linha de circunvalação, com receio de não poder defender o entrincheiramento efectuado, ou de não ter na maior parte dos pontos senão postos demasiado fracos.