Durante toda esta luta, em que se combateu desde a sétima hora até à noite, ninguém pôde ver um inimigo voltar costas. Muito pela noite dentro, ainda se combatia junto das bagagens: eles, com efeito, tinham feito uma muralha com os seus carros, e de lá despejavam sobre os nossos que vinham ao assalto uma saraivada de frechas; alguns lançavam também por baixo, entre os carros e as rodas: piques e dardos, que feriam os nossos soldados. Depois de longa luta, os nossos apoderaram-se das bagagens e do campo. A filha do Orgétorix e um dos seus filhos foram feitos prisioneiros. Depois desta batalha, restava-lhes cerca de cento e trinta mil homens, que marcharam sem descanso toda a noite e que, sem interromper a marcha mesmo durante a noite, chegaram pelo quarto dia às terras dos Língones; retidos os nossos durante três dias para tratar dos feridos e para sepultar os mortos, não puderam persegui-los. César intimou os Língones, pelas suas cartas e pelos seus enviados, a não lhes ceder víveres, nem qualquer socorro, com a ameaça, se o fizessem, de os tratar tal como aos Helvécios. Ao cabo destes três dias, pôs-se a persegui-los com todas as suas tropas.
XXVII - Os Helvécios, reduzidos ao último recurso, enviaram-lhe deputados para tratar da rendição. Estes encontraram-no pelo caminho, lançaram-se a seus pés, e, com súplicas e lágrimas, pediram-lhe a paz; ordenou-lhes que esperassem a sua chegada justamente no local onde se encontravam: obedeceram. Uma vez lá chegados, César exigiu-lhes reféns, as armas, os escravos que tinham fugido para junto deles. Enquanto se procura e se reúne o que pede, no dia seguinte cerca de seis mil homens do país chamado Verbígena, temendo que os condenassem à morte depois de os terem desarmado ou esperando talvez que, em tão grande multidão de homens que se rendiam, a sua fuga passasse despercebida ou seria completamente ignorada, saíram do campo dos Helvécios no começo da noite e partiram em direcção ao Reno e às fronteiras da Germânia.