XXX - Uma vez terminada a guerra contra os Helvécios, deputados de quase toda a Gália e os principais cidadãos de cada cidade vieram felicitar César. «Compreendiam, diziam eles, que o povo romano, ao fazer a guerra conta os Helvécios, vingara velhas injúrias, porém a terra da Gália não retirava daí menos vantagem que Roma; porque os Helvécios só tinham deixado o seu país em plena prosperidade para levarem a guerra através de toda a Gália, dela se tornarem senhores, escolherem entre tantas regiões aquela que julgassem mais favorável e mais fácil de toda a Gália e tornarem os outros Estados tributários. Pediram-lhe permissão para marcar um dia com seu consentimento para a assembleia geral de toda a Gália, em que tratariam de certos assuntos que queriam de comum acordo submeter-lhe.» César consentiu; fixaram o dia da assembleia (27) e comprometeram-se por juramento a nada revelar senão por mandato dado pelo consentimento de todos.
XXXI - Quando a assembleia se dissolveu, os mesmos chefes de Estado que já se tinham apresentado a César voltaram a procurá-lo e pediram-lhe o favor de conversar com ele em particular sobre uma coisa que interessava à salvação deles e à de todo o país. Tendo obtido esta audiência, todos se lançaram a seus pés chorando. «O desejo deles, diziam, de que não se revelasse o que dissessem não era menos vivo nem ansioso que o de obter o que queriam; porque, se os revelasse, viam-se destinados aos piores suplícios.» O éduo Diviciaco fez-se o seu porta-voz: disse «que o conjunto da Gália compreendia dois partidos de que um tinha' por chefe os Éduos, o outro os Arvernos. Depois de longos anos de uma luta encarniçada pela preponderância, viram os Arvernos e os Sequanos chamar germanos mercenários. Cerca de quinze mil começaram por transpor o Reno; depois o solo, a civilização do país e a sua riqueza agradaram a estes homens selvagens e bárbaros, e fizeram vir um maior número; encontravam-se agora na Gália cerca de cento e vinte mil.