Desta maneira, o rio defendia um dos lados do acampamento; a sua retaguarda estava protegida do inimigo e podia sem perigo fazer chegar comboios dos Remos e de outros estados. Havia uma ponte sobre este rio: nela estabelece um posto e deixa na outra margem o seu lugar-tenente Quinto Titúrio Sabino com seis coortes; fortifica o seu campo com uma tranqueira de doze pés de altura e um fosso de dezoito pés.
VI - A oito milhas deste campo ficava uma cidade dos Remos chamada Bibrax: os Belgas, ao passarem, fizeram-lhe um grande assalto. Nesse dia só com grande dificuldade se resistiu. Gauleses e Belgas têm a mesma maneira de dar assalto. Começam por se espalhar em multidão em volta das fortificações, de todos os lados lançam pedras contra as muralhas, depois, quando a muralha está desguarnecida dos seus defensores, aproximam-se das portas formando a tartaruga e sapam a muralha. Esta táctica era então fácil, porque diante de tal multidão alvejando as fortificações com pedras e dardos, ninguém podia ficar sobre a muralha. A noite pôs termo ao assalto. O remo Ício, homem de alto nascimento e de grande crédito junto dos seus, que comandava então a praça, um dos que tinham sido enviados a César para pedir a paz, mandou dizer «que não podia aguentar mais tempo se não tivesse socorro".
VII - A meio da noite, César, utilizando como guias aqueles que lhe tinham trazido a mensagem de ício, envia em socorro dos sitiados, Númidas, archeiros cretenses e fundibulários baleares; a sua chegada, reanimando a esperança dos defensores, comunica-lhes um novo ardor para a resistência e arrebata ao mesmo tempo aos inimigos a esperança de tomar a praça. Assim, depois de um ligeiro tempo de paragem em frente da praça, depois de terem devastado as terras dos Remos, queimado todas as aldeias e todos os edifícios que podiam atingir, marcharam com todas as suas forças para o campo de César e acamparam a menos de dois mil passos; o seu acampamento, a julgar pelo fumo e pelas fogueiras, estendia-se por mais de oito milhas.