Imediatamente os inimigos caminharam direitos ao Axona, que estava, como se disse, atrás do nosso campo. Nele encontraram vaus, tentaram fazer passar uma parte das suas tropas, com a intenção de tomar, se pudessem, a tranqueira comandada pelo lugar-tenente Quinto Titúrio e cortar a ponte, ou se não o conseguissem, devastar o território dos Remos, que nos ofereciam grandes recursos nesta guerra, e impedir o nosso reabastecimento.
X - César, avisado por Titúrio, atravessa a ponte com toda a sua cavalaria, os seus Númidas armados ligeiramente, os seus fundibulários, os seus archeiros e marcha contra o inimigo. Houve neste lugar um combate encarniçado. Tendo os nossos surpreendido o inimigo nos embaraços da passagem, mataram muitos; os outros, cheios de audácia, tentavam passar por cima dos corpos dos seus companheiros: foram repelidos por uma saraivada de frechas; aqueles que primeiro atravessaram foram envolvidos pela cavalaria e massacrados. Quando os inimigos sentiram desvanecer-se a esperança de se apoderarem da praça e de atravessarem o rio, quando viram que nós não avançávamos para travar batalha, num terreno desfavorável, e que eles próprios começavam a ter falta de víveres, reuniram conselho e decidiram que o melhor era voltar cada um para sua casa, para aí estarem prontos a voar em socorro daqueles cujo país os Romanos invadissem primeiro; combateriam com mais vantagem no seu próprio território do que no de outrem e utilizariam para o reabastecimento os recursos internos do país. O que os decidiu, entre outras coisas, foi a notícia de que Diviciaco e os Éduos se aproximavam da fronteira dos Belóvacos. Não era possível convencer estes últimos a ficarem mais tempo sem socorrer os seus.
XI - Tomada esta decisão, saíram do campo à segunda vigília, com grande barulho, em tumulto, sem ordem nem disciplina, indo cada um pelo primeiro caminho que se lhe oferecia e tendo pressa de chegar a suas casas, de tal modo que esta partida se parecia com uma fuga.