Sabiam que os Romanos não tinham marinha, que não conheceram os ancoradouros nem os portos nem as ilhas dos países onde fanam a guerra, e que a navegação num mar fechado era muito diferente da navegação no vasto e imenso Oceano. Tomadas as suas resoluções, fortificam as praças e transportam o trigo do campo para estas praças; reúnem o maior número possível de barcos nos Vénetos, contra os quais pensavam que César faria primeiro' a guerra. Asseguram-se para esta guerra da aliança dos Osismos, dos Lexóvios, dos Namnetes, dos Ambiliatos, dos Mórinos, dos Diablintes, dos Menápios; pedem socorro à Bretanha, situada em frente destas regiões.
X - Acabamos de mostrar quais eram as dificuldades desta guerra; e no entanto muitos motivos exigiam a César que a empreendesse: a injúria cometida prendendo cavaleiros romanos' a revolta depois da submissão; a defecção depois da entrega dos reféns a conspiração de tantos Estados, e principalmente o temor de que a Impunidade consentida a estes povos encorajasse outros a usar as mesmas liberdades. Ele conhecia o amor de quase todos os Gauleses pela mudança e a sua prontidão em partir para a guerra, e sabia, alias, que está na natureza de todos os homens amar a liberdade e odiar a escravatura. Sem esperar portanto que um maior número de Estados entrassem na liga, pensou que precisava de dividir o seu exército e reparti-lo por uma mais ampla extensão.
XI - Assim envia com a cavalaria Tito Labieno, seu lugar-tenente, aos Tréviros, povo vizinho do Reno; encarrega-o de ver os Remos e outros Belgas, de os manter no dever, e de fechar a passagem do rio aos Germanos, que, dizia-se tinham sido chamados pelos Belgas, se eles tentassem atravessá-lo com os seus barcos. Ordena a Públio Crasso que parta para a Aquitânia com doze coortes legionárias e uma cavalaria numerosa, para impedir que os povos deste país enviem socorro para a Gália e que nações tão grandes se unissem.