Como o seu rumor, o seu tumulto anunciavam o seu terror, os nossos soldados, animados pela perfídia da véspera, irromperam pelo acampamento. Ali, os que foram suficientemente rápidos para empunhar as armas, fizeram aos nossos alguma resistência e travaram combate entre os carros e as bagagens. Mas o restante, a multidão das crianças e das mulheres (pois todos juntos tinham deixado o seu país e atravessado o Reno), pôs-se a fugir para todos os lados; César enviou a cavalaria em sua perseguição.
XV - Os Germanos, ouvindo um clamor atrás deles, e vendo que massacravam os seus, deitaram fora as armas, abandonaram as suas insígnias militares e fugiram do campo. Chegados à confluência do Mosa e do Reno, desesperando de prosseguir a fuga e tendo perdido um grande número dos seus, os que restavam atiraram-se ao rio e ali pereceram vencidos pelo medo, pela fadiga, pela força da corrente. Os nossos, sem terem perdido um só homem e não tendo mais que um muito pequeno número de feridos, libertos de uma guerra tão temível, em que tinham de enfrentar quatrocentos e trinta mil homens, retiraram para o seu campo. César deu aos que retivera no acampamento permissão para partir; porém estes, temendo os suplícios e as torturas dos Gauleses, de quem tinham devastado os campos, disseram-lhe que queriam continuar junto dele. César concedeu-lhes a liberdade.
XVI - Depois de ter terminado a guerra contra os Germanos, César, por numerosas razões, resolveu atravessar o Reno. A melhor era que, vendo a facilidade com que os Germanos se decidiam a passar para a Gália, queria inspirar-lhes os mesmos temores pelos seus bens, mostrando-lhes que um exército do povo romano podia e ousava transpor o Reno. Uma outra razão se juntava a esta, era que aqueles cavaleiros Usípetes e Tencteros que, como antes se disse, tinham passado o Mosa para saquear e encontrar trigo e não assistiram ao combate, retiraram, depois da derrota dos seus compatriotas, para lá do Reno, para junto dos Sugambros e com eles se tinham unido.