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Capítulo 2: Capítulo 2

Página 34
Aqueles cinquenta rolos, cada um dos quais pesava cem libras, foram preparados e armazenados, aguardando o barco que devia voltar de Lisboa. Entretanto, à medida que os negócios e a riqueza aumentavam, a minha cabeça começou a encher-se de projectos e empreendimentos, superiores às minhas forças, e desse carácter que a maioria das vezes arruína as pessoas de maior talento para os negócios.

Pode supor-se que, domiciliado no Brasil por espaço de quatro anos e em vésperas de obter uma posição muito vantajosa, não só havia aprendido a língua do país como também contraira relações de amizade e de negócios, tanto com os plantadores meus vizinhos , como com os comerciantes de São Salvador, o nosso porto de mar. Nas minhas conversações com eles falara muitas vezes das minhas duas viagens à costa da Guiné, da maneira de comerciar com os negros e da facilidade com que se podia obter não só pó de oiro, grãos daquele país, presas de elefante, etc., mas também numerosos negros para o serviço das culturas brasileiras, em troca de bagatelas como colares, facas, tesouras, machados, pedaços de vidro e outros objectos que tais.

Todos os colonos me escutavam sempre com a maior atenção mas especialmente sobre tráfico de negros, comércio então ainda na infância e cujo monopólio se explorava em virtude de acordo ou licença dos reis de Espanha e Portugal, o que contribuía para que os negros fossem, ao mesmo tempo, muito escassos e muito caros.

Certo dia, tendo falado deste assunto com muito calor diante de vários plantadores e comerciantes amigos, três deles vieram procurar-me no dia seguinte e disseram-me que, tendo reflectido sobre a conversa travada na véspera, vinham propor-me uma operação, sobre a qual me fizeram prometer segredo. Declararam-me então que queriam fretar um barco para a costa da Guiné; que eram plantadores como eu, e que sofriam com a escassez de escravos; que não podendo exercer este comércio claramente, porque a venda pública dos negros estava proibida, apenas desejavam fazer uma única viagem e desembarcar os negros de contrabando, para depois os repartirem pelas suas plantações; numa palavra, perguntaram-me se queria embarcar como agente deles para dirigir a parte comercial na costa da Guiné, oferecendo-me uma participação igual à sua na repartição dos negros, sem ter de contribuir com fundos meus.

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Capa do livro Robinson Crusoe
Páginas: 241
Página atual: 34

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 30
Capítulo 3 41
Capítulo 4 53
Capítulo 5 63
Capítulo 6 78
Capítulo 7 91
Capítulo 8 112
Capítulo 9 133
Capítulo 10 167
Capítulo 11 197
Capítulo 12 236