O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 14 / 102

- Alguma vez chegaste a conhecer um protegido dele ... um tal Hyde?

- Hyde? - repetiu Lanyon. - Não. Nunca ouvi falar dele. E foi com estas escassas informações que o advogado regressou ao seu grande e sombrio leito, onde passou uma noite de insónia, dando voltas e debatendo-se até de madrugada com pensamentos obscuros e perguntas sem resposta.

Quando soaram as seis horas no campanário da igreja, tão convenientemente localizada na proximidade da sua residência, ainda o Sr. Utterson cismava neste problema. Até então, apenas se impressionara com o lado intelectual da questão; mas agora sentia-se também envolvido, ou melhor, atormentado pela imaginação; e, enquanto jazia envolto pela densa escuridão da noite e do quarto fechado, a história do Sr. Enfield desfilava pela sua mente num rol de imagens luminosas. Começara por ver os inúmeros candeeiros iluminados da cidade adormecida; em seguida, o vulto de um homem caminhando apressadamente e a figura de uma criança que regressava, a correr, de casa do médico; por fim, o choque entre ambos e a visão daquele Jaganata humano derrubando a menina e prosseguindo o seu caminho, indiferente aos gritos da criança. Ou então, via um quarto de uma casa rica, onde o seu amigo dormia, sorridente com os seus sonhos; de repente, a porta abria-se, as cortinas do dossel eram afastadas, o amigo era acordado por uma estranha figura que, postada diante dele, mesmo àquela hora tardia, o obrigava a levantar-se e a cumprir as suas ordens.





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