O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 25 / 102

Acredito plenamente em ti; teria mais confiança em ti do que em qualquer outro homem vivo... mais até do que em mim próprio, se pudesse escolher. Mas, na verdade, não é o que imaginas; não é assim tão mau; e só para sossegar o teu espírito, posso garantir-te uma coisa: no momento em que eu decidir, posso livrar-me do Sr. Hyde. Dou-te a minha palavra de honra e agradeço-te mais uma vez. Só acrescentarei um breve conselho, Utterson, o qual estou certo que terás em consideração: este é um assunto privado e peço-te que não voltes a mencioná-lo.

Utterson reflectiu durante alguns instantes, fitando o fogo. - Não duvido de que tenhas toda a razão - disse, por fim, o advogado, levantando-se.

- Bem, mas uma vez que abordámos o assunto, e espero que pela última vez - prosseguiu o médico -, há uma questão que gostaria que compreendesses. Na verdade, tenho um grande interesse no Sr. Hyde. Sei que o encontraste, ele disse-mo; e receio que tenha sido rude contigo; mas se eu desaparecer, Utterson, gostaria que me prometesses ser indulgente com ele e garantir-lhe os seus direitos. Tenho a certeza de que o farias, se soubesses tudo; tirarias um peso enorme da minha alma, se prometesses.

- Não posso fingir que gosto dele - respondeu o advogado.

- Não é isso que te peço - suplicou Jekyll, pousando uma mão sobre o braço do amigo. - Só peço justiça; rogo-te simplesmente que, em consideração por mim, o ajudes quando eu já cá não estiver.

Utterson soltou um suspiro irreprimível, e disse:

- Está bem. Prometo-te.