No corpo da vítima foram encontrados uma bolsa e um relógio de ouro; mas não havia quaisquer cartões ou papéis, à excepção de um envelope selado e endereçado ao Sr. Utterson, que, provavelmente, iria levar ao correio.
O envelope chegou a casa do advogado na manhã seguinte, ainda ele não se tinha levantado; e assim que o viu e foi informado do sucedido, murmurou num tom solene:
- Não direi nada antes de ver o corpo. Pode tratar-se de um caso muito sério. Tenham a gentileza de esperar enquanto me visto.
E com o mesmo semblante sério tomou apressadamente o seu pequeno-almoço e dirigiu-se à esquadra da polícia, para onde o corpo fora levado. Mal entrou na sala, acenou afirmativamente com a cabeça.
- Sim - confirmou -, reconheço-o. Lamento dizer que se trata do Sr. Danvers Carew.
- Santo Deus! - exclamou o agente. - Será possível?
E logo os seus olhos brilharam de ambição profissional.
- Isto vai dar muito que falar - comentou. - E talvez o senhor possa ajudar-nos a deitar a mão ao homem.
Em seguida, narrou brevemente o que a criada tinha visto, e mostrou-lhe a bengala partida.
O Sr. Utterson já havia matutado no nome de Hyde; mas quando a bengala lhe foi apresentada, dissiparam-se-lhe quaisquer dúvidas; apesar de quebrada e amolgada, reconheceu-a como uma que, muitos anos antes, ele próprio oferecera a Henry Jekyll.
- Esse tal Sr. Hyde é um indivíduo de baixa estatura? - inquiriu.
- Particularmente baixo e de aspecto malévolo, é como a criada o descreve - respondeu o agente.