O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 74 / 102

- Está bem - ripostou o meu visitante. - Lanyon: lembra-te do teu juramento: o que se segue pertence ao domínio do segredo profissional. E agora, tu que viveste tanto tempo limitado pelas opiniões mais estreitas e materiais, tu que negaste as virtudes da medicina transcendental, tu que ridicularizaste o que te era superior; põe-te em guarda!

Levou o copo aos lábios e bebeu o líquido de um único trago. Seguiu-se um grito; cambaleou, vacilou, agarrou-se à mesa, com o olhar fixo e esbugalhado, arquejando com a boca aberta; e, enquanto o olhava, deu-se, pensei eu, uma transformação - parecia que o homem inchava - o seu rosto escureceu subitamente e as feições pareciam diluir-se e alterar-se - e no momento seguinte, pus-me de pé num pulo e encostei-me à parede, com o braço erguido para me escudar daquele prodígio e com a mente submersa em terror.

- Meu Deus! - gritei; e repeti vezes sem conta: - Meu Deus!

Diante dos meus olhos - pálido e abalado, meio vacilante e estendo as mãos para a frente, como um homem restaurado da morte - perfilava-se Henry Jekyll.

Do que me contou na hora seguinte, não consigo lembrar-me de modo a passá-lo para o papel. Vi o que vi, ouvi o que ouvi, e a minha alma repudiou tudo aquilo; no entanto, agora que essa visão se desvaneceu dos meus olhos, pergunto-me se acredito e não sei responder.





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