- Não há dúvida de que o caso é pouco vulgar. Mas quais foram os seus passos seguintes? Quer dizer, examinou a sala para ver se o intruso deixara alguns vestígios: pontas de cigarro, uma luva esquecida, um alfinete ou qualquer outra coisa?
- Não havia nada.
- Nem um odor?
- Nunca pensei nisso.
- Um odor a fumo seria de grande valor para nós, numa tal investigação.
- Como nunca fumei, creio que, por isso mesmo, o teria sentido. Mas não havia qualquer espécie de indício. O único facto tangível era a mulher do contínuo, Sra. Tangey, que abandonara o local, não havendo para isso explicação, excepto que era mais ou menos a hora de a mulher ir para casa. O polícia e eu, supondo que a mulher tivesse tirado os papéis, concordámos em que o melhor seria deitar-lhe a mão antes que ela se desfizesse deles.
»Nessa altura já o alarme havia chegado à Scotland Yard e o detective Sr. Forbes, vindo imediatamente, tomou conta do caso com muita energia. Alugámos um carro fechado e, em meia hora, estávamos no endereço que nos havia sido facultado. Uma rapariga que nos abriu a porta provou ser a filha mais velha de Sra. Tangey. Sua mãe ainda não tinha voltado. Entrámos, pois, para a sala da frente e esperámos.
»Dez minutos depois bateram à porta e aqui é que cometemos um erro grave, de que, aliás, me culpo. Em vez de sermos nós a abrir, permitimos que fosse a rapariga a fazê-lo. Ouvimo-la dizer: “Mãe, estão dois homens à sua espera.” E imediatamente uma correria desorientada pelo corredor. Forbes empurrou de repente a porta e ambos nos precipitámos para a cozinha. Mas a mulher tinha lá chegado primeiro e olhava-nos com um ar de desafio.