Entretanto reconheceu-me e uma expressão de profundo espanto estampou-se-lhe na cara.
»“- Ora, ora, é o Sr. Phelps, do escritório!” - exclamou.
»“- Vamos, vamos, quem pensou que éramos quando fugiu de nós?” - perguntou o detective.
»“- Julguei que eram cobradores” - disse. “- Temos algumas dificuldades com um comerciante.”
»“- Não chega” - respondeu Forbes. “- Temos motivos para suspeitar de que a senhora se apoderou de um documento de grande importância no Ministério e que entrou para aqui a correr com o fim de o esconder. Tem de vir connosco à Scotland Yard para ser interrogada.”
»Em vão a mulher protestou e resistiu. Chamou-se uma carruagem e voltámos, depois de procedermos a um exame da cozinha, e especialmente do fogão, para ver se ela se poderia ter desfeito dos documentos naquele momento em que esteve sozinha. Não havia porém sinais de cinzas ou de fragmentos de papel. Quando chegámos à Scotland Yard, a mulher' foi logo confiada a uma funcionária que a revistou. Esperei, na agonia da incerteza, que esta voltasse com os papéis, mas deles nem sinal.
Então, pela primeira vez, todo o horror da minha situação caiu sobre mim. Até àquela altura eu agira e a acção entorpecera-me o pensamento. Estava tão esperançado em reaver os documentos que nem ousara pensar no que aconteceria no caso de fracassar. Mas, naquele momento, nada mais havia a fazer e tive então tempo para avaliar a minha situação. Foi horrível. Watson pode dizer como eu era uma criança nervosa e sensível na escola. É a minha maneira de ser. Pensei no meu tio e nos meus colegas. E na vergonha que fizera cair sobre ele, sobre mim e sobre todos os que se relacionavam comigo. Que importava que fosse eu a vítima de um desastre extraordinário? Não há desculpa para desastres quando os interesses diplomáticos estão em jogo.
