As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 10: O Tratado Naval Pág. 229 / 274

Pensei que brincava, porque, na verdade, a vista era sórdida, mas ele apressou-se a explicar:

- Olhe para aqueles grupos de edifícios que se erguem acima dos telhados, como ilhas de tijolos sobre um mar cor de chumbo.

- Os colégios internos?

- Casas de luz, meu velho! Faróis do futuro! Cápsulas contendo centenas de sementes brilhantes de onde no futuro surgirá uma Inglaterra mais sábia e melhor. Parece-lhe que Phelps bebe?

- Penso que não.

- Também me parece que não, mas tenho de levar em linha de conta todas as probabilidades. Não há dúvida de que o pobre diabo se afundou em águas muito perigosas e resta-nos a questão de saber se conseguiremos arrastá-lo para a margem. Que pensa você de Miss Harrison?

- Uma rapariga de forte carácter.

- É certo. E boa pessoa também, se não me engano. Ela e o irmão são filhos de um industrial de ferro, com fábrica perto da estrada de Northumberland. Phelps ficou noivo durante uma viagem que fez, no Inverno passado, e ela veio agora para ser apresentada à família. O irmão foi encarregado de a acompanhar. Sobreveio então a catástrofe e ela ficou para cuidar do seu amado, enquanto o irmão, sentindo-se à vontade, acabou por ficar também. Estou a fazer algumas investigações independentes, compreende. Mas hoje é que deve ser um dia em cheio em matéria de investigações.

- A minha clínica... - comecei.

- Bem, se você julga que os seus casos são mais interessantes do que os meus... - interrompeu-me Holmes, áspero.

- Eu ia dizer que a minha clínica pode muito bem passar sem mim um dia ou dois, estamos na época mais calma do ano.

- Excelente - respondeu, recuperando o bom humor. Nesse caso, iremos estudar juntos esta questão.





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