“Estás a mentir” – exclamei. – “A tua voz muda quando mentes. Eu nunca tive um segredo para ti. Vou entrar nessa casa, vou investigar o assunto até ao fundo.” “Não, não, Jack, por amor de Deus!” – disse num suspiro, não conseguindo controlar a emoção. Então, quando me aproximei da porta, ela agarrou-me na manga e puxou-me para trás com uma força convulsiva.
»“Imploro para que não faças isso, Jack” – disse ela, comovida. – Juro que te contarei tudo um dia, mas nada além de miséria pode sair daqui se entrares nessa casa.” Então, enquanto eu tentava sacudi-la, ela agarrou-se a mim num frenesim de súplica. “Confia em mim, Jack” – disse. – “Confia em mim só desta vez e não te irás arrepender. Eu não esconderia algo de ti se não fosse para o teu próprio bem. As nossas vidas estão aqui em risco. Se voltares para casa comigo tudo ficará bem. Se forçares a entrada nesta casa, estará tudo acabado entre nós.”
»Havia tanta sinceridade e tanto desespero na sua atitude que fiquei paralisado pelas suas palavras, e fiquei indeciso diante da porta.
»“Vou confiar em ti sob uma condição, e apenas essa condição” – disse eu, finalmente. – “Este mistério acaba aqui, e agora. Tens a liberdade de guardar o teu segredo, mas tens que me prometer que não haverá mais visitas nocturnas, não haverá mais acções mantidas fora do meu conhecimento. Estou disposto a esquecer as acções passadas se me prometeres que não acontecerão novamente no futuro.”
»“Eu tinha a certeza que irias confiar em mim” – disse ela, com um suspiro de alívio. “Será exactamente como desejares. Vamos, vamos embora para a nossa casa.” – Ainda a puxar-me pela manga, ela conduziu-me para longe daquela casa. Enquanto nos afastávamos, olhei para trás, e lá estava aquele rosto lívido amarelo a olhar para fora da janela do piso superior.