As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 1: O Estrela de Prata Pág. 8 / 274

A cerca de um quarto de milha, a capa de John Straker flutuava numa moita de urzes. Um pouco além havia, na charneca, uma depressão em forma de bacia e lá no fundo encontraram o cadáver do infortunado treinador. Tinha a cabeça esmagada por um golpe dado com alguma arma pesada. A coxa estava ferida com um corte longo e simétrico ocasionado, evidentemente, por um instrumento muito afiado. Era evidente, porém, que Straker se tinha defendido vigorosamente Contra os seus assaltantes, porque tinha na mão direita uma faquinha que apresentava sinais de sangue coagulado no cabo, e a esquerda segurava uma gravata de seda preta e vermelha, a qual foi reconhecida pela criada como sendo a que era usada pelo estranho que tinha visitado os estábulos na noite anterior.

Hunter, ao despertar do seu torpor, foi também muito categórico quanto ao dono da gravata. Estava igualmente certo de que o tal desconhecido, enquanto esteve recostado na janela, lançara uma droga para dentro do seu carneiro com molho, para livrar os estábulos do guarda.

Quanto ao cavalo que faltava, havia provas abundantes na lama do fundo da depressão de que lá estivera no momento da luta. Mas a partir dessa manhã não mais foi visto. E, embora se tivesse oferecido larga recompensa e os ciganos de Dartmoor ficassem de vigia, não houvera a menor notícia. Finalmente, uma análise demonstrara que os restos da ceia que o rapaz dos estábulos deixara tinham uma apreciável quantidade de ópio em pó. Entretanto, as pessoas da casa participaram do mesmo prato nessa mesma noite, sem sofrerem o menor dano.

São estes os principais factos expostos objectivamente e concatenados da melhor maneira possível. Agora, recapitulemos o que a polícia fez no caso.





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