Quem não o conhecesse poderia considerá-lo um homem honesto, embora rude. Só os seus olhos indicavam ser desapiedado e possuir uma coragem e uma astúcia que tornavam a sua capacidade para o Mal ainda mais perigosa.
Depois de tê-lo estudado atentamente, Mac Murdo avançou para o pequeno grupo de aduladores que o rodeava, rindo estrepitosamente aos seus menores gracejos.
Subitamente, Mac Ginty notou os olhos cinzentos de Mac Murdo fitando-o através das lentes dos óculos.
- Olá, jovem, não me lembro de tê-lo visto por cá.
- Sou novo na terra, Mr. Mac Ginty.
Este replicou, com um ar de censura:
- Não é tão novo que não saiba dar a uma pessoa o título conveniente.
Uma voz do grupo, sublinhou:
- Conselheiro Mac Ginty.
Mac Murdo manteve-se calmo e explicou:
- Ainda não conheço os hábitos da terra. Desculpe, Conselheiro, mas sugeriram-me que viesse visitá-lo.
- Aqui me tem. Que tal me acha?
- Ainda é cedo para formular uma opinião, mas se o seu coração é tão grande como o corpo e a sua alma tão bela como a fisionomia, nada pode ser melhor.
- Co'os diabos! Você tem a prosápia de um irlandês! - apreciou Mac Ginty, não sabendo se devia indignar-se com o insolente, ou manter a dignidade. Aprova, realmente, esta minha aparência?
- Naturalmente!
- E disseram-lhe que me procurasse?
- Precisamente.
- Quem?
- O irmão Scanlan, da Loja 341, de Vermissa. Bebo à sua saúde, Conselheiro, e à nossa melhor amizade - proferiu Mac Murdo, erguendo o copo que acabavam de meter-lhe na mão. Enquanto bebia, ergueu o dedo mínimo.
Perante aquele sinal convencional da Ordem, Mac Ginty arqueou as espessas sobrancelhas.
- Ah, então é isso, hem? Terei de verificar.