- Estou.
- Tem coração forte?
- Tenho.
- Dê um passo à frente para demonstrá-lo.
Enquanto essas palavras eram pronunciadas, sentiu sobre os olhos duas pontas agudas que os comprimiam tanto, a ponto de parecer-lhe não poder avançar um milímetro sem correr o risco de os perder. Não obstante, reuniu todas as suas forças e adiantou-se resolutamente. Nesse mesmo instante a pressão diminuiu até desaparecer e ouviram-se aplausos.
- Tem um coração forte. Sabe suportar a dor?
- Tão bem como qualquer outro - replicou Mac Murdo.
- Sujeite-o à prova!
Tudo o que pôde fazer foi conter-se para não soltar um berro, pois uma dor lancinante atravessou-lhe o antebraço. Por pouco não desmaiou, mas mordeu os lábios e apertou os punhos para esconder o sofrimento.
- Ainda posso suportar mais - proferiu.
Desta vez os aplausos foram estrondosos. Nunca alguém se comportara, na primeira apresentação na Loja, de maneira tão estóica. Várias mãos lhe bateram nas costas, o capuz foi-lhe retirado da cabeça deixando-o aturdido com a luz e a sorrir, rodeado pelas congratulações dos correligionários.
- Ainda uma última palavra, irmão Mac Murdo – interveio Mac Ginty. - Você já pronunciou o juramento de sigilo e fidelidade. Sabe, portanto, que a punição por qualquer quebra desse juramento é a morte imediata!
- Sei – confirmou Mac Murdo.
- E aceita a regra do grão-mestre em qualquer circunstância?
- Aceito.
- Então, em nome da Loja 341, de Vermissa, eu lhe concedo todos os seus privilégios e O direito de tomar parte em todos os debates. Ponha as bebidas na mesa, Irmão Scanlan, para que possamos brindar à saúde do nosso digno irmão.
Tinham-lhe, trazido o casaco mas, entes de vesti-lo, Mac Murdo examinou o braço direito, que ainda lhe doía intensamente.