O Vale do Terror - Cap. 10: Capítulo 3 – Loja 341, Vale Vermissa Pág. 121 / 172

Por isso aquele futuro ameaçador preocupou-os.

- Sou de opinião - prosseguiu o orador, - que não devemos tratar com tanto rigor os pequenos proprietários. No dia em que forem banidos, o poder dia nossa sociedade será nulo.

A verdade crua nunca é bem recebida. No momento em que o orador voltava a sentar-se, soaram coléricos protestos. Mac Ginty levantou-se com a expressão alterada e proferiu:

- Irmão Morris, você sempre foi uma ave agoirenta. Enquanto os membros da Loja se mantiverem unidos, não haverá, neste país, quem possa atingi-los. Não temos, por acaso, demonstrado isso nos tribunais? Espero que as grandes companhias verifiquem ser mais fácil pagar do que lutar connosco, como fazem as pequenas. E agora, irmãos - continuou Mac Ginty tirando o barrete de veludo negro e a estola, - a Loja terminou os trabalhos desta noite, com excepção de um pequeno assunto, de que falaremos quando nos separarmos. Chegou o momento de bebermos pela nossa fraternal amizade e de tocarmos um pouco de música.

A natureza humana é verdadeiramente estranha. Encontravam-se ali homens para os quais o delito era familiar, que em repetidas ocasiões tinham assassinado chefes de família, pessoas contra as quais não nutriam o menor rancor pessoal, sem a mais leve sombra de remorso ou de compaixão pela viúva e pelos filhos desamparados e, no entanto, a doçura e o patético da música era capaz de comovê-los.

Mac Murdo possuía uma bela voz de tenor e, se já não tivesse angariado a estima da Loja, ninguém lha teria negado depois de o ouvir «I'm sitting on the Stile, Mary» e «On the Banks of Allan Water». A partir daquela primeira noite, o novo recruta tomara-se deveras popular entre os seus co-Irmãos e já era apontado para acesso a um alto cargo.





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