O seu companheiro pouco mais era do que um garoto: aparentemente despreocupado, como quem anda por fora, de passeio, e pretende gozá-lo integralmente.
Tanto um como outro não bebiam álcool e portavam-se como membros exemplares da sociedade. Contudo, eram assassinos ao serviço da associação criminosa a que pertenciam. Lawler já contava, no seu activo, catorze homicídios e, Andrews, três.
Mac Murdo notou que, embora falassem das suas façanhas anteriores, nenhum se referia à que vinham executar na presente missão. A dada altura, Lawler achou dever explicar:
- Fomos escolhidos, porque nem este rapaz nem eu somos dados à bebida. Não levem a mal o facto de guardarmos silêncio, quanto ao que nos cumpre fazer, mas recebemos ordens do delegado territorial nesse sentido.
- Compreendo - disse Scanlan, - mas estamos todos no mesmo barco.
- Estamos sim e é por isso que vos contei como, da última vez, matámos Charlie Williams; também vos diremos o que viemos fazer, depois de tê-lo feito. Estavam os quatro a cear, paulatinamente, e Mac Murdo observou:
- Há por cá meia dúzia de fabianos com quem eu gostaria de ajustar umas contas. Se é Jack Knox quem vocês procuram, até gostaria de acompanhar-vos, só para vê-lo espernear nas vascas da agonia.
- Ainda não chegou a vez desse.
- O outro que eu gostaria de ver no matadouro, é Herman Strauss.
- Também não.
Mac Murdo compreendeu que não conseguiria induzi-los a falar mas, apesar da reserva dos seus hóspedes, tanto Scanlan: como Mac Murdo estavam dispostos a assistir aquilo a que aqueles tinham chamado «brincadeira». Portanto, quando na madrugada seguinte os ouviram descer mansamente a escada, Scanlan e Mac Murdo vestiram-se apressadamente e, ainda à luz dos lampiões da rua, seguiram-nos cautelosamente, sobre a neve espessa.