O Vale do Terror - Cap. 4: Capítulo 4 – A Treva Pág. 36 / 172

Três séculos se haviam escoado, lentamente, sobre o solar: séculos de nascimentos e de regressos ao lar; de danças campestres e de reuniões para a caça à raposa. Parecia estranho que, agora, na sua velhice, um episódio tenebroso viesse macular-lhe os muros. Por outro lado, aqueles singulares torreões suspensos formavam um cenário adequado a trágicos desígnios. Ao olhar para as janelas reentrantes e para a extensa fachada enegrecida pelo tempo, reconheci que seria um cenário adequado à tragédia.

- Ali está a janela - apontou White Mason.- À direita da ponte levadiça. Está aberta, tal como estava ontem à noite.

- Parece demasiado estreita para a passagem de um homem.

- Certamente não podia ser gordo. Mas, tanto eu como o senhor, Mr. Holmes, com algum esforço, poderíamos passar por ela.

Holmes aproximou-se da margem do fosso. Observou a borda de pedra e a faixa, de relva que o ladeava.

- Já investiguei tudo com muito cuidado, Mr. Holmes - afirmou White Mason, - Não há aí nada que permita supor que alguém o tenha transposto.

- A água é sempre assim turva?

- Geralmente é mais ou menos desta cor. O regato arrasta muita lama.

- Qual é a profundidade?

- Cerca de meio metro junto às bordas e quase um metro no centro.

- Deste modo, podemos abandonar qualquer ideia de o homem ter morrido afogado ao atravessá-lo?

- Certamente, nem um rapaz poderia afogar-se aqui!

Atravessámos a ponte e fomos recebidos por um indivíduo estranho, anguloso e enrugado: O mordomo Ames. O pobre velho estava pálido e trémulo de comoção. O sargento da Polícia, homem alto, cerimonioso e melancólico, ainda fazia guarda à sala fatídica. O médico já se tinha retirado.

- Alguma novidade, sargento Wilson? - perguntou White Mason.





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