O Vale do Terror - Cap. 6: Capítulo 6 – Uma Réstia de Luz Pág. 62 / 172

»Se algum dia me casar, Watson, espero ser capaz de inspirar à minha mulher sentimentos que não lhe permitam deixar-se levar docilmente por uma governanta, quando o meu cadáver estiver a poucos metros de distância.

»A pantomima foi muito mal ensaiada. pois mesmo o mais imbecil dos investigadores deveria sentir-se chocado com a total falta do habitual pranto feminino. Se não houvesse mais nada, bastada esta lacuna para criar a suspeita de uma prévia conjura.

- Você então está convencido de que Barker e Mrs. Douglas são culpados do homicídio?

- A sua maneira de fazer perguntas, Watson, é de uma crueza impressionante! - exclamou Holmes, brandindo o cachimbo, em tom de gracejo, na minha direcção, - Dão-me a impressão de projécteis desfechados contra mim. Se me perguntar se Mrs. Douglas e Barker sabem a verdade acerca do crime e tentam escondê-la posso, nesse caso, dar-lhe uma resposta positiva: estou certo disso. A sua conclusão mais drástica, todavia, não é tão clara. Reflictamos nas dificuldades que se nos apresentam à formulação de tal hipótese.

»Suponhamos que este par está unido pelos laços de um amor culposo e que ambos decidiram desembaraçar-se do homem que lhes impedia a realização dos seus desígnios. É uma hipótese muito vaga, pois a indagação discreta feita junto dos criados e de outras pessoas não conseguiu corroborá-la. Pelo contrário, todas as testemunhas afirmam que os Douglas constituíam um casal muito unido, com afeição mútua,

- Afirmo-lhe que isso não pode ser verdade - interrompi, recordando o rosto sorridente de Mrs. Douglas no jardim.

- Bom, pelo menos, davam essa impressão. Vamos supor, contudo, que formam um par habilíssimo que conseguiu iludir todos nesse ponto.





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