O Vale do Terror - Cap. 6: Capítulo 6 – Uma Réstia de Luz Pág. 63 / 172

Admitamos que planearam o assassínio do marido. Acontece que este era um homem sobre cuja cabeça pairava um perigo...

- Mas, a esse respeito, só podemos basear-nos na palavra de ambos.

- Compreendo, Watson. Formulámos uma teoria segundo a qual tudo quanto dizem, desde o princípio, é falso. De acordo com esta opinião nunca existiu qualquer ameaça oculta, ou sociedade secreta, ou Vale do Terror, ou grão-mestre Mac-Qualquer-Coisa. Mas isso é uma generalização bastante lata. Vejamos ao que nos conduz. Inventam toda essa história para explicar o crime. Depois, para comprovar essa versão, abandonam uma bicicleta no parque a fim de provar a existência de alguém vindo de fora. A mancha de sangue no peitoril da janela reforça esta ideia. Para o mesmo fim serve o cartão deixado junto do morto, o qual bem pode ter sido preparado em casa. Tudo isso se enquadra na nossa hipótese, Watson. Mas por que motivo, entre tantas armas, foi utilizada uma espingarda de canos serrados e além disso, de marca americana? Como podiam estar tão seguros de que o estrondo do tiro não fizesse com que alguém os surpreendesse em flagrante? Foi por mero acaso que Miss Allen não investigou a causa do «bater da porta». Qual a razão que levou os dois culpados a fazer tudo isso, Watson?

- Confesso não poder dar uma explicação coerente.

- E outra coisa: se uma mulher e o próprio amante planearam o assassínio do marido, como ousariam patentear a sua culpa, subtraindo a aliança do dedo deste último, após tê-lo assassinado? Acha isso provável, Watson?

- Não! Não acho.

- E ainda mais: se lhe ocorresse a ideia de deixar uma bicicleta escondida no exterior, valeria a pena fazê-lo, quando o mais estúpido dos polícias compreenderia tratar-se de um grosseiro estratagema em virtude de a bicicleta ser a primeira coisa que o fugitivo necessitava para fugir?

- Não consigo encontrar explicações para isso.





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