»Quando existe água próxima e desaparece um objecto pesado, não é natural supor que algo foi lançado nessa água? De qualquer maneira, valia a pena provar a hipótese e assim, com a ajuda de Ames, que consentiu na minha entrada na sala, utilizando o cabo recurvo do guarda-chuva do Dr. Watson, foi-me possível, ontem à noite, pescar e examinar este pacote. Todavia, era da máxima importância que conseguíssemos demonstrar quem ali o pusera.
»Recorremos, então, ao simples estratagema de anunciar que o fosso ia ser esvaziado amanhã cedo, o que, naturalmente, levaria a pessoa que tivesse escondido o embrulho, a tentar retirá-lo, quando a escuridão da noite o consentisse. Não menos de quatro testemunhas viram quem se aproveitou da oportunidade e, por isso, Mr. Barker, julgo que lhe cumpre esclarecer-nos.
Sherlock Holmes colocou sobre a mesa, ao lado da lâmpada, o embrulho ensopado de água e desatou o nó da corda que o ligava. De dentro dele extraiu um haltere que atirou para o canto onde se encontrava o outro. Depois, retirou um par de sapatos.
- Americanos, como vêem - observou, indicando as pontas quadradas.
Colocou sobre a mesa uma faca embainhada, longa e mortífera. Finalmente, tirou para fora um embrulho que continha um jogo completo de roupa branca, um par de meias, um fato desportivo cinzento e um sobretudo curto, amarelo.
- A roupa é vulgar, com excepção do sobretudo, que nos fornece indícios sugestivos - comentou Holmes aproximando-o da luz, enquanto os seus dedos compridos o afogavam.
»Aqui, como podem notar, está o bolso interno, prolongado através do forro, de modo a deixar espaço para a caçadeira de canos serrados. O rótulo do alfaiate está na gola: «Neale.