O Vil Metal - Cap. 4: Capítulo 4 Pág. 59 / 257

Não desejava que Gordon abandonasse a firma e declarou-o sem rodeios. Com uma espécie de delicadeza elefantina, absteve-se de lhe chamar jovem irreflectido. Não obstante, perguntou por que se despedia, e ele não conseguiu impedir-se de responder ou dizer a única coisa que Mr. Erskine compreenderia - que se transferia para um lugar mais bem remunerado. Balbuciou timidamente que achava que «aquela actividade não se adaptava ao seu temperamento» e «preferia dedicar-se a escrever». Mr. Erskine mostrou-se reservado. Escrever, hem? Hum. Aquilo dava dinheiro, nos tempos correntes? Pouco, hem? Hum. Claro que não. Hum. Sentindo-se e parecendo ridículo, Gordon murmurou que tinha «um livro prestes a sair». Um volume de poemas, acrescentou, com dificuldade em pronunciar o termo. Mr. Erskine olhou-o de través antes de comentar:

- Poesia, hem? Poesia? Acha-se capaz de fazer disso um modo de vida?

- Bem... não um modo de vida, exactamente. Mas sempre ajuda.

- Hum... Enfim, você é que sabe, suponho. Se alguma vez precisar de emprego, procure-me.

Penso que haverá sempre um lugar para si. Os funcionários como você convêm-nos. Não se esqueça, hem?

Gordon saiu com a desagradável sensação de se ter portado perversa e ingratamente. Mas tinha de proceder assim, tinha de se afastar do mundo do dinheiro. Era estranho. Por toda a Inglaterra, jovens desesperavam por faltarem empregos, enquanto ele, Gordon, para quem o simples termo «emprego» era vagamente nauseabundo, via possibilidades de colocação atiradas à cara. Tratava-se de um exemplo do facto de que uma pessoa pode obter tudo neste mundo, desde que não o deseje. Por outro lado, as palavras de Mr. Erskine não lhe saíam do pensamento. Provavelmente exprimira-se com sinceridade. Talvez houvesse' um lugar à sua espera, se decidisse' voltar para a firma. Por conseguinte, não se encontrava totalmente a salvo. A New Albion constituía uma condenação, tanto à sua frente como atrás.

Mas como fora feliz, de início, na livraria de Mr. McKechnie!





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