Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 6: Capítulo 6

Página 85

Vamos publicar o seu poema no Anticristo do próximo mês - anunciou Ravelston da janela do primeiro andar.

Gordon, no passeio em baixo, fingiu que já não se lembrava do poema a que o outro se referia, embora se recordasse bem intimamente, como de todos os outros que escrevera.

- Qual poema? - perguntou.

- O da prostituta moribunda. Consideramo-lo destinado à aceitação geral do público.

Soltou uma risada; de satisfação, a que, no entanto, conseguiu imprimir uma inflexão de divertimento sardónico.

- Ah, a prostituta moribunda! É o que se pode dizer um dos meus temas favoritos. Para a próxima, abordarei uma aspidistra.

O rosto algo juvenil e hipersensível de Ravelston, emoldurado por cabelos castanhos sedosos, retrocedeu um pouco da janela.

- Faz um frio insuportável- resmungou. - É melhor entrar e comer qualquer coisa.

- Não, desça você. Já jantei. Vamos a um botequim tomar uma cerveja.

- Está bem. Aguarde um instante, enquanto calço os sapatos.

Havia alguns minutos que conversavam - Gordon no passeio e Ravelston debruçado na janela do primeiro andar. Gordon anunciara a sua chegada atirando uma pedra à janela, em vez de bater à porta. Nunca poria os pés naquele apartamento, se o pudesse evitar. Existia algo na atmosfera que o perturbava e obrigava a sentir-se mesquinho, sujo e deslocado. Na verdade, tratava-se de um ambiente esmagador, por assim dizer, que exsudava «classe superior» em todos os pormenores. Somente na rua ou num botequim se sentia mais próximo do nível de Ravelston. Este ficaria surpreendido se soubesse que o seu apartamento de quatro assoalhadas, que considerava pequeno, exercia semelhante efeito em Gordon. Para Ravelston, residir nos meandros de Regent's Park era praticamente a mesma coisa que vegetar num bairro de lata. Decidira viver aí, en bon socialiste, precisamente como um snobe social mora numa artéria de Mayfair para poder ostentar a designação "WI" no endereço.

<< Página Anterior

pág. 85 (Capítulo 6)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 85

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251