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Capítulo 12: Capítulo 12

Página 231

PRIMAVERA, Primavera! Entre Mraço e Abrril, quando os rebentos principiam a brrotar! Quando a vegetação rrrompe em fogo intenso e as espadas brriIham e despertam a atenção de todos! Quando os mastins da Primavera perrseguem os vestígios do Inverno, na época prrirnavertl único perríodo belo, em que as aves cantam: hey-ding-a-ding ding jug-jug, pu-wee, tawltte-woo! E etc, etc., etc. Ver em quase todos os poetas entre a Idade do Bronze e 1850.

Mas como é absurdo que nos tempos actuais, na era do aquecimento central e pêssegos de conserva, um milhar de supostos poetas continue a escrever na mesma veia! Com efeito, que diferença faz a Primavera, o Inverno ou qualquer outra altura do ano para uma pessoa civilizada média da actualidade? Numa cidade como Londres, a alteração sazonal mais impressionante, à parte a simples mudança de temperatura, verifica-se nas coisas que vemos no chão das ruas. Em fins de Inverno, costumam ser sobretudo as folhas de couve. Em Julho, escorregamos em caroços de cereja, em Novembro- em invólucros de fogo-de-artifício consumidos. Nas proximidades do Natal, a casca de laranja torna-se mais grossa. Na Idade Média a situação era diferente.

Havia certa sensatez no facto de escrever poemas sobre a Primavera, quando esta significava carne fresca e tenra e legumes verdes, depois de permanecer encerrado numa cabana sem janelas nem ventilação, alimentando-se de uma dieta de peixe salgado e pão bolorento.

Se era Primavera, Gordon não se dava conta. O mês de Março em Lambeth não recordava Perséfone. Os dias tornavam-se cada vez maiores, havia ventos fortes, acompanhados de nuvens de poeira e, às vezes, despontavam pequenas áreas azuis no céu. Talvez se descobrissem alguns rebentos cobertos de fuligem nas árvores, se houvesse paciência suficiente para os procurar. Afinal, a aspidistra ainda não morrera - as folhas murchas tinham caído, mas surgiam dois ou três timoratos rebentos perto da base.

Tinham passado três meses desde que ele começara a trabalhar na livraria.

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Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 231

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251