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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 159

No momento em que o relógio deu a uma hora, Gordon fechou ruidosamente a porta da livraria e seguiu apressadamente, quase a correr, para a dependência do Banco de Westminster, ao fundo da rua.

Segurava a banda do casaco com um gesto de prudência semiconsciente, conservando-a contra o peito. Na algibeira interior direita, encontrava-se um objecto de cuja existência ele duvidava parcialmente. Tratava-se de um volumoso sobrescrito azul com uma estampilha americana, que continha um cheque de cinquenta dólares em nome de «Gordon Comstock»!

Sentia a forma rectangular que exercia leve pressão no corpo tão claramente como se estivesse em brasa. Sentira-a aí durante toda a manhã, tanto se lhe tocasse como não - dir-se-ia que desenvolvera uma área de sensibilidade- especial na pele do lado direito do peito. Com a frequência de dez minutos, extraíra o cheque do sobrescrito e examinara-o com ansiedade. Vendo bem as coisas, os cheques são, por assim dizer, objectos ardilosos. Seria horrível se- existisse alguma irregularidade na data ou na assinatura. Aliás, ele podia perdê-lo... ou talvez se dissipasse espontaneamente na atmosfera, como o ouro dos contos de fadas.

O cheque provinha do Californian Review, a publicação americana à qual, semanas ou meses atrás, Gordon enviara desesperadamente um poema. Quase se esquecera disso, pois fora há muito tempo, até que surgira inesperadamente aquela carta. E que carta! Nenhum editor inglês escreve missivas assim. Eles tinham ficado «impressionados muito favoravelmente» pelo seu trabalho, e «tentariam» incluí-lo no seu próximo número. Estaria interessado em «comprazê-los» enviando outros escritos seus? (Se estaria! «Ena, rapazes! ». como diria Flaxman.) E o cheque achava-se no meio do animador texto. Afigurava-se-lhe uma loucura monstruosa, naquele ano de trevas de 1934, alguém pagar cinquenta dólares por um poema. No entanto, não havia que negar a evidência - tinha em seu poder um cheque que parecia absolutamente autêntico.

Em todo o caso, não descansaria até que o apresentasse no banco - que decerto o recusaria -, e começava a desfilar-lhe no espírito uma série de visões. Visões de rostos de raparigas, de garrafas de clarete cobertas de pó, de canecas de cerveja, de um fato e um sobretudo novos, de um fim-de-semana em Brighton com Rosemary, da nota de cinco libras novinha em folha que daria a Júlia.

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Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 159

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251