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Capítulo 7: Capítulo 7

Página 109

Essa história das mulheres! Que estopada! É pena não podermos eliminá-las da nossa existência ou, pelo menos, sermos como os animais - minutos de paixão feroz e meses de castidade glacial. Tomemos o faisão, por exemplo. Salta para cima da faisoa sem sequer pedir autorização e, concluída a tarefa, varre-a completamente da memória. Quase deixa de reparar nelas - ignora-as ou limita-se a picá-las, se se aproximam demasiado da sua comida. E também não é obrigado a sustentar a prole. Como são felizardos os faisões! Muito diferentes do chefe da criação, sempre a saltitar entre a memória e a consciência!

Naquela noite, Gordon nem se dava ao incómodo de fingir que trabalhava. Voltara a sair logo após o jantar. Seguira para sul, sem pressa, a pensar nas mulheres. Fazia um tempo ameno, com uma leve neblina, parecendo mais Outono do que Inverno. Era terça-feira, e restavam-lhe quatro xelins e quatro pence. Podia ir ao Crichton, se quisesse. Flaxman e os seus compinchas já lá deviam encontrar-se. Contudo o Crichton, que lhe parecera o paraíso quando não tinha dinheiro, enfastiava-o e repugnava-lhe agora que possuía meios para o visitar. Detestava a sala de atmosfera densa e acervejada, com todos os sons insólitos e clientela de atitudes arrogantes.

Não havia mulheres, à parte a barmaid com o seu sorriso deslavado que parecia prometer tudo e nada simultaneamente.

Mulheres, mulheres! O nevoeiro que pairava imóvel convertia os transeuntes em fantasmas a vinte metros de distância, porém nos pequenos lagos de luz em torno dos candeeiros havia vislumbres de rostos de raparigas. Ele pensou em Rosemary, nas mulheres em geral e de novo em Rosemary, lembrara-se dela durante toda a tarde. Era com uma espécie de ressentimento evocativo do seu corpo pequeno e robusto, que nunca vira, despido. Como é injusto enchermo-nos até às bordas de desejos torturantes e estarmos impedidos de os satisfazer! Por que razão deve uma pessoa privar-se' disso, só por não possuir dinheiro? Parece uma coisa tão natural, tão necessária, tão inalienável dos direitos de um ser humano!

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Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 109

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251