Sangue Azul - Cap. 12: 12 Pág. 126 / 287

Tinham visto o capitão Benwick passar a correr pela sua casa, com um semblante que denunciava ter acontecido algum mal, e haviam partido imediatamente e sido informados, no caminho, do sucedido e do local. Apesar de abalado, o capitão Harville revelou-se possuidor de sensatez e nervos de utilidade imediata. Um olhar entre ele e a mulher decidiu o que devia ser feito. Louisa devia ser levada para casa deles - deviam ir todos para casa deles - e aguardar aí a chegada do médico. Não, não dariam ouvidos a escrúpulos: ele foi obedecido e pouco depois encontravam-se todos debaixo do seu tecto. E enquanto Louisa, sob a orientação de Mrs. Harville, era transportada para o andar de cima e instalada no quarto do casal, eram fornecidos pelo marido, a todos quantos necessitavam, assistência, cordiais e tónicos.

Louisa abrira uma vez os olhos, mas voltara logo a fechá-los, sem aparente consciência de nada. Isso, no entanto, fora um sinal de vida, e útil para a sua irmã, e Henrietta, embora absolutamente incapaz de ficar no mesmo quarto com Louisa, foi poupada, pela agitação resultante da esperança e do medo, a um retorno à sua própria inconsciência. Mary estava, também, a ficar mais calma.

O médico chegou quase antes de tal parecer possível. O horror apoderou-se deles enquanto ele examinava Louisa, mas o médico não se mostrou desesperado. A cabeça recebera uma contusão grave, mas ele já tinha visto curarem-se lesões maiores. Não pareceu de modo algum sem esperança e falou animadoramente.

Que não considerava o caso desesperado, mas também não dizia que algumas horas bastassem para lhe pôr fim, foram palavras que, ao princípio, excederam a esperança da maioria deles. E não é difícil imaginar o êxtase de tal trégua, o júbilo, profundo e silencioso, depois de oferecidas algumas fervorosas exclamações de gratidão aos céus.