8 Sir Walter, as suas duas filhas e Mrs. Clay foram os primeiros de todo o seu grupo a chegar, à noite, e como era necessário esperar por Lady Dalrymple, foram colocar-se junto de uma das lareiras, na sala octogonal. Mal o tinham feito, porém, a porta voltou a abrir-se e o capitão Wentworth entrou sozinho. Anne era a que estava mais próxima dele e, avançando ainda um pouco mais, falou sem demora. Ele preparava-se apenas para inclinar a cabeça e seguir o seu caminho, mas o delicado «Como está?» que lhe ouviu fê-lo abandonar a linha recta, parar perto dela e fazer por sua vez perguntas, apesar da temível presença, ao fundo, do seu pai e da sua irmã. O facto de eles estarem atrás dela era um apoio para Anne, que não sabia assim nada das suas expressões e se sentia capaz de fazer tudo quanto lhe parecia certo.
Enquanto falavam, chegou-lhe aos ouvidos um murmurar entre o pai e Elizabeth. Embora não conseguisse distinguir as palavras, calculou qual fosse o assunto, e quando viu o capitão Wentworth fazer uma mesura reservada, compreendeu que o pai achara por bem conceder-lhe esse simples gesto de reconhecimento, e um olhar de soslaio permitiu-lhe ver, mesmo a tempo, uma ligeira inclinação de cabeça da parte da própria Elizabeth. Este procedimento, apesar de tardio, relutante e pouco afável, sempre era melhor do que nada, e a sua disposição melhorou.
Depois de falarem do tempo, de Bath e do concerto, a conversa começou, porém, a esmorecer, e por fim ficou reduzida a tão pouco que ela esperava vê-lo afastar-se a qualquer momento. Mas não, ele não parecia ter pressa nenhuma de a deixar, e pouco depois, com ânimo renovado, um pequeno sorriso e um ligeiro rubor, disse:
- Mal a tenho visto desde o nosso dia em Lyme. Suponho que o choque a deve ter feito sofrer, tanto mais que na altura não a subjugou.
