10 Anne foi para casa, a fim de meditar em tudo quanto tinha ouvido. Num ponto, os seus sentimentos ficaram aliviados pelo conhecimento que adquirira sobre Mr. Elliot. Agora já não lhe devia nada que tivesse alguma relação com afecto. Ele apresentava-se, por oposição com o capitão Wentworth, em toda a sua indesejada interferência, e o mal das suas atenções da noite anterior, os estragos irremediáveis que podia ter causado, foram considerados com sensações claras, sem atenuantes. A compaixão por ele acabara. Mas este era o único motivo de alívio. Em todos os outros aspectos, quer olhasse em seu redor quer tentasse penetrar no futuro, via mais motivos de desconfiança e apreensão do que outra coisa. Preocupava-a a decepção e a dor que Lady Russell sentiria e as mortificações que pairariam sobre o pai e a irmã, e acabrunhava-a toda a angústia de prever muitos males sem saber como evitar qualquer deles. Sentia-se muito grata pelo conhecimento que ela própria tinha dele. Nunca se considerara merecedora de nenhuma recompensa por não menosprezar uma velha amiga como Mrs. Smith, mas eis que lhe viera disso, realmente, uma recompensa! Mrs. Smith soubera dizer-lhe o que mais ninguém lhe poderia ter dito. Pudesse esse conhecimento ser extensivo a toda a sua família! Mas isso era uma ideia vã. Devia falar com Lady Russell, contar-lhe, consultá-la e, depois de ter feito tudo quanto podia, aguardar os acontecimentos com o máximo de serenidade possível - no fim de contas, onde precisaria de mais serenidade seria naquela região da mente que não podia ser aberta a Lady Russell, naquele manancial de angústias e temores que teriam de ser guardados só para si.
Confirmou, ao chegar a casa, que, como pretendera, conseguira evitar ver Mr. Elliot, que ele lá estivera e lhes fizera uma demorada visita matinal.