As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 6: O Enigma de Reigate Pág. 141 / 274

É claro que estou a dar agora apenas os resultados principais do meu exame ao papel. Há vinte e três outras deduções, que seriam de mais interesse para os peritos do que para os senhores. Tudo tendia a enraizar em mim a impressão de que os Cunningham, pai e filho, tinham escrito a carta. Depois de ir tão longe, a seguir eu devia, sem dúvida, entrar nos pormenores do crime e ver até onde poderiam auxiliar-nos. Subi à casa com o inspector e vi tudo o que havia para ver. O ferimento do morto fora, como pude determinar com absoluta segurança, causado por uma bala de revólver atirada a uma distância de quatro jardas. Não havia enegrecimento de pólvora na roupa. Claro que Alec Cunningham tinha mentido quando dissera que os dois homens estavam a lutar quando soou o tiro. Além disso, pai e filho concordam quanto ao local na estrada por onde o homem desapareceu. Acontece, porém, que nesse ponto há uma vala larga, com lama no fundo. Como não se encontraram indícios de pegadas ao redor dessa fossa, não só fiquei absolutamente certo de que os Cunningham mentiam outra vez como ainda que, de facto, nunca houvera esse homem desconhecido em cena.

E agora tinha de perceber o motivo daquele crime singular. Para chegar a ele, tive de me esforçar primeiro para descobrir a razão do primeiro furto em casa de Mr. Acton. Soube, devido a algo que o coronel nos contou, que há uma acção judiciária em tribunal entre o senhor, Mr. Acton, e os Cunningham. É claro que logo me ocorreu que eles tinham assaltado a sua biblioteca com a intenção de se apossarem de algum documento que podia ser de muita importância no caso.

- Exactamente - disse Mr. Acton. - Não pode haver a menor dúvida possível quanto às suas intenções.





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