Considerando que Holmes estava demasiado absorto para conversar, atirei para um lado o jornal estéril, reclinei-me para trás na cadeira e caí numa meditação profunda. De repente, a voz do meu companheiro invadiu-me os pensamentos.
- Você tem razão, Watson - disse ele. - Parece uma maneira acertada de se resolver uma disputa.
- Muito acertada! - exclamei, e então, repentinamente, verificando como ele tinha lido o meu mais íntimo pensamento, levantei-me e olhei para ele com verdadeiro espanto: - O que é isso, Holmes? Isto está para além de tudo o que eu podia imaginar.
Riu-se, satisfeito com a minha perplexidade.
- Você lembra-se - disse ele - de quando, há algum tempo atrás, lhe li uma passagem de uma das obras de Poe em que um pensador atento segue os pensamentos não enunciados do seu companheiro, você interpretou o caso como um mero tour de force do autor. Observando-lhe eu que tinha constantemente o hábito de fazer a mesma coisa, mostrou-se incrédulo.
- Oh, não!
- Talvez não por palavras, meu caro Watson, mas certamente com os seus olhos.