»Bem, nunca pensei voltar a saber daquele russo e do seu filho. Portanto, pode imaginar qual não foi o meu espanto quando à mesma hora desta tarde ambos entraram no meu consultório, precisamente como tinham feito da outra vez.
«- Sinto que lhe devo pedir desculpa pela minha partida tão repentina ontem, doutor» - disse o doente.
«- Confesso que fiquei muito surpreendido» -- respondi-lhe.
«- Bem, a verdade» - observou ele «é que, quando me liberto daqueles ataques, as minhas ideias ficam sempre nubladas quanto a tudo o que se passou anteriormente. Acordei numa sala estranha, como me pareceu, e saí para a rua numa espécie de sonambulismo enquanto o senhor estava ausente.»
«- E eu,» - acrescentou o filho - «quando vi meu pai sair da porta do consultório, pensei naturalmente que a consulta tinha acabado. Só quando chegámos a casa é que comecei a perceber o que se passara.»
«- Bem,» - respondi-lhe eu, sorrindo - «não há nenhum prejuízo senão que me deixaram terrivelmente perplexo. De modo que, se o senhor quiser ter a bondade de ficar na sala de espera, me sentirei feliz por continuar a nossa consulta, que terminou de modo tão abrupto.»
»Durante cerca de mais ou menos meia hora conversei com o velho cavalheiro sobre os seus sintomas e, no fim, depois de ter prescrito uma receita, vi-o sair de braço dado com o filho.