Se eu vir meu pai num desses acessos medonhos, estou certo de que não sobreviverei. O meu sistema nervoso é muito sensível. Se me permite, ficarei na sala de espera enquanto estuda o caso do meu pai.»
»Certamente concordei com isso e o homem retirou-se. O paciente e eu iniciámos a discussão do caso, do qual tomei notas exaustivas. Não era notável pela inteligência. As suas respostas eram frequentemente obscuras, o que atribuí à sua pouca familiaridade com a nossa língua. De repente, quando, sentado, eu escrevia, deixou de responder às minhas perguntas. Voltando-me para ele, fiquei chocado ao ver que estava sentado na cadeira, direito como um fuso, olhando-me com um semblante perturbado e rígido. Estava, pois, nas garras da sua misteriosa doença.
»O meu primeiro sentimento era, exactamente como já disse, de piedade e de horror. O segundo, receio bem, foi o da satisfação profissional. Observei o pulso e a temperatura do meu paciente, examinei a rigidez dos músculos e observei-lhe os reflexos. Não havia nada de acentuadamente anormal e qualquer daqueles sintomas se harmonizava com as minhas primeiras experiências. Obtive bons resultados em, tais casos com a inalação de nitrato de amilo e, desta vez, pareceu-me uma admirável oportunidade para lhe experimentar as virtudes. A garrafa estava em baixo, no meu laboratório, de modo que, deixando o paciente sentado na cadeira, desci para a ir buscar. Demorei um pouco a encontrá-la... uns cinco minutos, digamos .. e voltei. Imagine o senhor o meu espanto ao encontrar o consultório vazio; o meu doente desaparecera!
»Corri para a sala de espera, claro. O filho tinha-se ido também.
»A porta do hall fora encostada, mas não fechada.
