As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 10: O Tratado Naval Pág. 216 / 274

- A sua presença nesta casa dá-me muita alegria - disse, apertando-nos as mãos efusivamente. - Percy tem perguntado pelos senhores toda a manhã. Ah!, pobre rapaz, agarra-se a qualquer bóia. Os pais dele pediram-me para ser eu a recebê-los, porque a simples menção do assunto lhes é penosa.

- Nada sabemos ainda - observou Holmes. - Vejo, no entanto, que o senhor não pertence à família.

O sujeito pareceu surpreendido e, baixando os olhos, começou a rir.

- Naturalmente o senhor viu o meu monograma, J. H., no meu brasão - disse. - Por momentos, pensei que tivesse adivinhado. O meu nome é Joseph Harrison e, como Percy vai casar com a minha irmã, virei a tornar-me seu parente pelo casamento. Encontrará a minha irmã no quarto dele, pois é ela que o tem tratado durante estes dois últimos meses. Talvez seja melhor irmos já; Percy está impaciente.

O quarto para onde entrámos era no mesmo andar. Estava simultaneamente mobilado como sala e como quarto de cama. Nos cantos, havia flores dispostas com gosto. Um rapaz muito pálido e abatido estava deitado num sofá, perto de uma janela aberta, por onde entrava a fragrância do jardim e o ar balsâmico do Verão. Uma jovem, que estava sentada junto dele, levantou-se quando entrámos.

- Queres que me retire, Percy? - perguntou-lhe. Ele agarrou-lhe a mão para a deter.

- Como está, Watson - disse cordialmente. - Não era capaz de o reconhecer com esse bigode. Este, creio eu, deve ser o seu famoso amigo Sherlock Holmes.

Apresentei-os em poucas palavras e sentámo-nos ambos. O jovem robusto saíra, mas a irmã deixara-se ficar com a mão na do doente. Era uma mulher de aparência atraente, um pouco baixa e cheia - talvez por uma questão de simetria -, mas com uma bela compleição, olhos italianos, grandes e negros, e um cabelo maravilhoso, de um preto profundo.





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