E as suas belas cores faziam que o rosto branco do seu companheiro parecesse ainda mais macilento e magro, devido ao contraste.
- Não abusarei do seu tempo - disse, erguendo-se no sofá. - Entrarei sem mais preâmbulos no assunto, Mr. Holmes. Eu era um homem feliz e muito bem sucedido e estava em vésperas de me casar quando a desgraça me arruinou todas as perspectivas de vida.
»Estava, como talvez Watson já lhe tenha dito, no Foreign Office e, por influência de meu tio, lorde Holdhurst, subi rapidamente a uma posição de responsabilidade. Quando o meu tio passou a ministro dos Negócios Estrangeiros, encarregou-me de diversas missões de confiança e, visto que eu as conduzi sempre a uma conclusão feliz, chegou, por fim, a contar inteiramente com a minha habilidade e tacto.
»Há quase dez semanas - para ser mais exacto, no dia 23 de Maio -, meu tio chamou-me ao seu gabinete privado e, depois de me felicitar pelo bom trabalho que havia feito, informou-me de que me reservara uma nova missão.
»“- Isto” - disse, tirando um rolo de 'papel cinzento da gaveta da sua secretária – “é o original do tratado secreto entre a Inglaterra e a Itália em relação ao qual, sinto dizer, circulam na imprensa algumas inconfidências. É necessário que nada mais transpire. A embaixada russa e a francesa pagariam uma soma imensa para saberem o conteúdo destes papéis. Não sairiam da minha secretária se não fosse necessário copiá-los. Tens uma escrivaninha no teu gabinete?”
»“- Tenho sim, senhor.”
»“- Então, leva o trabalho e fecha-o à chave. Darei ordens para que fiques depois de os outros saírem, de modo que possas copiá-lo à vontade, sem receio de seres espiado. Quando acabares, torna a fechar o original e a cópia na tua escrivaninha, pessoalmente, amanhã de manhã.