As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 10: O Tratado Naval Pág. 233 / 274

- Enfim, parece-me que o senhor lhe fez um interrogatório completo. E que fez mais?

- O escriturário Gorot tem sido seguido durante estas últimas nove semanas, mas nada pudemos apurar contra ele.

- Mais alguma coisa?

- Não. Não temos mais por onde seguir.

- Outra coisa: o senhor formulou alguma hipótese sobre o facto de a campainha ter tocado?

- Não. Sou obrigado a confessar que isso me desnorteia. Seja quem for, era muito temerário, para accionar um alarme daqueles.

- Tem toda a razão. É muito estranho. Bem, obrigado por tudo o que me contou. Se puder colocar o homem nas suas mãos, terá notícias minhas. Vamos, Watson.

- E agora, para onde? - perguntei.

- Vamos entrevistar lorde Holdhurst, o ministro do Gabinete e futuro primeiro-ministro da Inglaterra.

Tivemos sorte em ter ainda encontrado lorde Holdhurst nos seus aposentos de Downing Street. E quando Holmes lhe enviou o seu cartão de visita, mandaram-nos logo entrar. O estadista recebeu-nos com aquela velha cortesia que lhe era peculiar e ofereceu-nos dois luxuosos cadeirões junto da lareira. De pé, entre nós, a figura alta e débil, a fisionomia concentrada e viva e o cabelo louro, prematuramente embranquecido, parecia representar aquele tipo não muito vulgar de um nobre que é realmente nobre.

- O seu nome é-me muito conhecido, Sr. Holmes - disse, sorrindo. - É evidente que não posso pretender ignorar o objectivo da sua visita. Apenas um facto passado nestes escritórios poderia ter despertado a sua atenção. Posso saber em nome de quem está o senhor agindo?

- No de Sr. Phelps - respondeu Holmes.

- Ah! O meu infeliz sobrinho. O senhor deve compreender que o nosso parentesco só serve para lhe dificultar a minha protecção.





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